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JOSÉ CÂMARA BRITO: 5G permite desenvolver aplicações mais sofisticadas na educação, aprimorando a gestão do ensino no país

O Conecte 5G traz aqui um panorama das perspectivas sobre o impacto das novas tecnologias no setor de educação no Brasil. José Câmara Brito, pró-diretor de pós-graduação e pesquisa do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), instituto voltado para o ensino, pesquisa e desenvolvimento nas áreas de tecnologia da informação, faz um recorte sobre o impulsionamento do 5G no ensino. Revela os avanços e as novas metodologias de pesquisas, assim como os desafios ainda enfrentados para a expansão da conectividade.

O docente acredita que a quinta geração de internet pode oferecer mais do que transmissão de dados, defendendo que o 5G é a primeira tecnologia com desempenho satisfatório para o aprimoramento de aplicações novas e mais amplas.

Brito também menciona os projetos realizados pelos pesquisadores e estudantes do Inatel. Um deles promete levar conectividade para as regiões mais isoladas do país e consiste em uma estação rádio base inovadora.

Leia os detalhes a seguir:

Conecte 5G

De que maneira você percebe que o 5G e o 6G contribuem no âmbito educacional e como estas redes promovem o avanço de novas tecnologias? Como os profissionais estão sendo preparados para o novo cenário no Inatel?

Inatel | José Marcos Câmara Brito

Os cursos abrangem todos os aspectos das telecomunicações e não exclusivamente das redes de comunicações móveis. Com isso, o 5G está presente como uma das tecnologias ensinadas aos alunos como parte do curso. Na pós-graduação lato sensu, há dois cursos específicos: Redes 5G e 5G aplicado à indústria 4.0; ou seja, faz o link das redes 5G com a mais moderna indústria e como o 5G pode contribuir para o desenvolvimento da área industrial.

Considerando ainda a importância de formar profissionais de excelência, temos no mestrado e doutorado uma pesquisa que gira em torno de 6G. Há formações de alunos na área de antenas para 6G, arquitetura de rede, camada física, análise de desempenho de protocolos e comunicações ópticas, dentre outros. São os diversos aspectos técnicos, mas sempre tendo 6G como a aplicação de fundo, olhando para o que vai ser a próxima geração de rede móvel.

O Inatel coordena o projeto chamado Brasil 6G, ao lado de dez instituições de ensino e ICTs parceiras em todo o Brasil. A ideia foi agrupar pesquisadores para criar, de fato, um ecossistema de pesquisa e desenvolvimento do 6G que englobasse o país.

Conecte 5G

E como o 5G está inserido neste contexto de mercado tão acelerado quanto o da tecnologia?

Inatel | José Marcos Câmara Brito

Bom, o 5G talvez tenha sido a primeira rede que promete entregar além de taxa de transmissão mais elevada para o usuário. Fazendo um retrospecto do 2G para o 3G e para o 4G, basicamente; a rede evoluía simplesmente aumentando a taxa de transmissão ofertada para o usuário.

Já no 5G o padrão foi além disso. Não apenas aumentar a entrega para o usuário final, mas também há um cenário muito favorável para Internet das Coisas (IoT) e outro para aplicações que requeiram altíssima confiabilidade e baixíssimo atraso na transmissão de dados. Com isso é possível vislumbrar para o 5G uma gama de aplicações mais amplas.

Conecte 5G

Quais exemplos você poderia citar?

Inatel | José Marcos Câmara Brito

O 5G tem um desafio que ainda não foi vencido. As próprias empresas e o ecossistema como um todo precisam gerar aplicações que façam uso do potencial da rede na sua totalidade.

A partir do momento que o Brasil entender que a infraestrutura é fundamental para as aplicações do 5G teremos exemplos efetivos da manifestação da tecnologia. A própria indústria tende a ser muito beneficiada com uso de automação e o segmento de saúde pode realizar atendimentos e diagnósticos remotos; além das mais diversas aplicabilidades proporcionadas pela internet das coisas – Iot e às aplicações de baixa latência, que chamamos de Internet tátil.

É uma rede configurada para suportar um milhão de dispositivos por quilômetro quadrado; uma tecnologia preparada, mas o entrave atual é exatamente fazer com que essas aplicações aconteçam a um valor acessível. Esta é outra questão importante da equação: fazer com que tenha viabilidade para funcionar sem grandes impactos econômicos.

Conecte 5G

Na qualidade de profissional do ensino, você consegue perceber benefícios evidentes na Educação?

Inatel | José Marcos Câmara Brito

O 5G é uma tecnologia de conectividade. Então, ela consegue colaborar sim para o desenvolvimento da educação, ofertando boa conexão em larga escala, mais rápida e com possibilidades de taxas de transmissão mais altas, permitindo desenvolver aplicações mais sofisticadas.  Os cursos à distância podem usar ferramentas com mais qualidade, usando recursos cada vez mais complexos, o que aprimora a questão do ensino no país.

Um ponto ainda desafiador é a situação econômica e social do Brasil.  A questão é: o 5G estará disponível para todos? Esta é a pergunta que todos precisam responder! Porque olhando a questão da conectividade do país hoje a resposta é NÃO! O Brasil ainda tem muita gente desconectada e outras tantas conectadas com qualidade muito ruim. Nos grandes centros esse déficit é minimizado, mas nas pequenas localidades ainda existe esta disparidade em conexão.

Mas claro que, neste sentido, é que a tecnologia pode ser um vetor de transformação, levando serviços remotos a quem mais precisa. A própria forma como foi feito o leilão da Anatel ajuda muito nesse sentido. A agência renunciou de arrecadações para estabelecer metas de conectividade em localidades mais distantes.

Conecte 5G

Como é o trabalho de consultoria da Inatel? Quais as soluções que as empresas mais buscam?

Inatel | José Marcos Câmara Brito

Nós realizamos desenvolvimento de soluções de hardware. Quer seja hardware para auxiliar nos processos da empresa, quer seja para desenvolvimento de soluções e produtos em todas as áreas que permeiam a tecnologia da informação e da comunicação; não só a área de comunicações móveis, mas outras áreas como a questão da internet das coisas, automação e controle e várias outras.

Há também um outro grupo responsável pelo desenvolvimento de software. Esta equipe desenvolve softwares de  gerência de rede e de seus recursos para os fabricantes de equipamentos de telecomunicações, softwares de apoio à operação das empresas e também o desenvolvimento de sistemas para o usuário final.

O Inatel também tem um departamento que trabalha na área de capacitação, com cursos de aperfeiçoamento de curta duração.

Conecte 5G

Dentro deste escopo de trabalho desenvolvido pelo Inatel, como o 5G colabora para a gestão e soluções de negócios?

Inatel | José Marcos Câmara Brito

Nós desenvolvemos o que o mercado está precisando; a maioria do que fazemos é o que as empresas demanda. Mas também fazemos desenvolvimentos antecipativos, onde a ideia é criarmos soluções para as “dores” do mercado e depois buscarmos empresas que tenham interesse em comercializar. A tecnologia 5G e 6G têm pouca influência no processo de desenvolvimento em si, mas temos desenvolvimentos específicos sobre as redes móveis, como é o caso do LTE-IN-A-BOX, que é uma solução de rede 4G.

Neste projeto nós desenvolvemos uma estação rádio base que incorpora o núcleo da rede. Em uma única caixa, tanto estação rádio base quanto o núcleo da rede, o que normalmente é separado.

Então fizemos esta incorporação numa maleta um pouco maior que uma 007 em que é possível montar uma rede plug and play. Basta conectar a antena, ligar um ponto de rede e ligar na tomada para criar uma rede LTE.

Nós transferimos esta solução para a indústria para uma aplicação de nicho de mercado, trabalhando em baixa frequência, 250 MHz, para que eles pudessem atender ao mercado de redes privativas em fazendas, mineradoras, neste mercado que necessita de rede com amplo alcance.

Atualmente estamos finalizando a versão deste projeto para o 5G. É o mesmo conceito, numa solução que estamos desenvolvendo na faixa de 3.5 GHz, podendo atender o mercado de redes privativas, levando as aplicações do 5G tanto para a indústria, por exemplo, quanto para o mercado de pequenas operadoras e provedores de internet, facilitando a implementação de uma pequena rede 5G para atender a uma comunidade através destas maletas.

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