Pesquisar
Close this search box.
conecte 5g

HERMANO PINTO JÚNIOR: “O 5G tem potencial muito superior à conectividade; ele pode desempenhar serviços muito mais complexos e amplos”

O Conecte 5G entrevista Hermano Pinto Júnior, executivo sênior da Informa. Ele atua com desenvolvimento de negócios e é responsável pela organização de diversos eventos. Engenheiro eletricista e economista pela USP, Hermano relata suas experiências com tecnologia ao longo dos 30 anos de atuação na área de telecomunicações.

Durante a entrevista, o especialista comentou sobre sua participação no MWC Barcelona, congresso que promove debates relevantes para o ambiente tecnológico. O evento reuniu os principais representantes do setor e levantou discursos sobre inovação, perspectivas, cases e tendências mundiais voltadas para rede de dados móveis. Hermano destaca as soluções envolvendo o 5G e como ele pode oferecer alternativas para diversas verticais econômicas.

Cauteloso, Hermano Júnior é otimista sobre as aplicações da quinta geração de internet, mas entende que a infraestrutura ainda precisa evoluir para permitir suas melhores aplicações.

Leia a entrevista completa a seguir:

Conecte 5G
Quais as suas perspectivas com a chegada do 5G?

Hermano Jr/ Futurecom
Sempre que nós falamos sobre 5G e tecnologia sem fio, estamos nos referindo a radiofrequência. E consequentemente, sobre como conseguimos conectar mais aparelhos dentro de uma mesma frequência. Nesse sentido, fazemos processos de modulação mais fortes, aprimoramento do sistema de encriptamento e outras evoluções pertinentes à tecnologia.

Todo este contexto para afirmar que o 5G está dando continuidade a algo já embarcado desde o 4G, que é a possibilidade de unir o uso de vários espectros para transmitir mais informações, atrelada a maior qualidade de transmissão destes mesmos dados, seja na parte de sistemas de processamento até as antenas inteligentes.

Considerando todo este cenário tecnológico favorável, podemos dizer que sim, existe uma grande expectativa; há realmente chances efetivas de realizar entregas cada vez melhores para os usuários.

Nós do setor de telecomunicações sempre trabalhamos com QOS [Quality of Service] e agora temos o QOI como base do 5G e 6G. Esta qualidade de experiência do usuário vem a partir de uma série de aplicações que você pode montar em cima deste espectro, seja através de processos, inteligência artificial, internet das coisas (IoT); esta é a grande relevância que a gente busca com a monetização da rede 5G: realizar serviços que façam diferença e proporcione experiências sólidas para o usuário.
Importante mencionar aqui que este usuário não é, necessariamente, o consumidor final. A referência neste ponto são as indústrias, ramo de varejo, empresas. O objetivo são as melhorias a partir da experiência do negócio.

O 5G realmente pode promover modificações que, em sua totalidade, ainda não alcançamos por uma série de fatores, mas que são palpáveis. Com isso, apostamos no uso das ondas milimétricas. Ao utilizar ondas em altíssimas frequências, é possível, efetivamente, colocar mais capacidades e serviços atrelados a uma rede.

Uma observação que faço a partir de exemplos de operadoras fora do Brasil é que elas entregam mais do que conectividade; prestam serviços e consultoria. As operadoras que oferecerem mais do que conexão estarão à frente de quem não o fizer. Na experiência que tive em Barcelona, os estudos de telecom já demonstram claramente que o negócio não está focado apenas em conectividade. O 5G tem potencial muito superior. É possível utilizar a sua conectividade como suporte para desempenhar serviços mais complexos e amplos.

Ao conversar com diversos segmentos consigo observar que esta é uma expectativa também de quem está liderando negócios. Os executivos de setores diversos têm a preocupação de entender como podem ser beneficiados com a comunicação móvel. Muitos perguntam como a tecnologia pode ajudá-los a dinamizar os processos. E os profissionais de redes é que precisam mediar este diálogo e responder a estes questionamentos.

No agronegócio, por exemplo, é possível reduzir custos nos processos de gerenciamento. Quanto mais eficiente um sistema que conecte a demanda de venda com a produção e compra de insumos, aumentado a sua previsibilidade, mais dinâmico fica o processo agrícola.

Conecte 5G
Como os diversos setores econômicos podem ser beneficiados com o 5G?

Hermano Jr/ Futurecom
É importante mencionar exemplos na área de saúde e a gestão hospitalar é uma realidade. Este processo consiste em acompanhar o paciente, da chegada à saída, envolvendo todo o processo que ocorre em paralelo, desde o inventário de medicamentos, resíduos hospitalares e atendimento aos visitantes. A capacidade do 5G de gerenciar muitos dados com uma resposta rápida possibilita que grupos diferentes dentro de um hospital se comuniquem e atuem de forma articulada. Logo, seja o acesso a um sistema de transplante ou administração de vacinas pode se tornar mais fácil com gerenciamento tecnológico.

No Brasil acontece, inclusive, a robotização. Procedimento fundamental exatamente para tratar questões mais complicadas para o ser humano, como lidar com resíduos de pacientes diagnosticados com doença infecciosa grave. O robô é quem faz a coleta destes materiais mais agressivos, evitando contato dos profissionais, bem como a contaminação de outros pacientes.

Conecte 5G
O Futurecom ocorreu em Barcelona, com debates arrojados sobre tecnologia, inovações e cases de sucesso em todo o mundo. Qual a avaliação feita sobre o MWC Barcelona e as tendências de tecnologia que podem ser gerenciáveis no Brasil?

Hermano Jr/ Futurecom
O evento em Barcelona foi fundamental para demonstrar o que podemos esperar desta tecnologia daqui para frente e um deste elementos é o Open vRAN. Bom, o Open RAN é um conceito discutido entre especialistas para definir e construir soluções RAN 2G, 3G, 4G e 5G baseadas em uma tecnologia de hardware e software. Apesar de não ser algo, ele vem demonstrando ser muito factível em diversas situações e não é apenas para derrubar preços, esta concepção ficou no passado. Mas abre uma série de possibilidades de desenvolvimento de nicho e aplicações em locais com pouca conectividade.

Outra tendência que Barcelona trouxe foi a comunicação terrestre e não terrestre, a comunicação direto por satélite. Esta é uma operação já realizada no Brasil que facilita o acesso em comunidades menos assistidas, do ponto de vista da tecnologia. Além disso, algo muito presente no MWC foram os serviços de banda larga que utilizam da conectividade para atingir grandes públicos, como inteligência artificial, aprimoramento do uso das redes e distribuição ampla de conteúdo na internet, a exemplo das TV’s que operam em canais ‘fechados’.

Conecte 5G
O mercado está preparado para a tecnologia e o que fazer para avançar?

Hermano Jr/ Futurecom
É importante entender até que ponto temos infraestrutura suficiente para dar passos longos. O que já podemos fazer é desenvolver soluções para o mercado de uma forma decente e honesta com o consumidor. Não adianta apressar as coisas oferecendo mecanismos poucos acessíveis; esta tecnologia também precisa ser financeiramente viável. As casas conectadas, por exemplo, podem ocorrer com brevidade no Brasil. Temos bons modelos e recursos que podem ser adaptados numa residência para torná-la cada vez mais digital.

Outra vertente que pode ser adotada no país é conceito de cidades inteligentes. O Congresso trouxe alguns insights de como a tecnologia pode cooperar com uso de energia renovável, consumo mais baixo de energia elétrica, mobilidade urbana e como o automóvel pode ser um receptáculo que vai além do deslocamento nos centros urbanos.

Outro ponto mencionado foi como tornar as cidades mais digitais, através da melhoria de serviços públicos, uso de ferramentas pelas secretarias de segurança pública e documentos digitais. A mensagem era exatamente como levar serviços de qualidade para o cidadão por meio da rede móvel.

Fale conosco!